A decisão do Carrefour de suspender a compra de carne do Mercosul, atendendo à pressão de agricultores franceses, motivou a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) a aprovar um requerimento para convocar, em audiência conjunta com a Comissão de Relações Exteriores (CRE), o embaixador da França no Brasil, Emmanuel Lenain, e o CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, para esclarecimentos. Além disso, o colegiado emitiu uma nota de repúdio à atitude da rede de supermercados.
O requerimento foi apresentado nesta terça-feira (26) pelo senador Wellington Fagundes (PL-MT), que destacou sua preocupação não com a perda de exportações para a França — que representa menos de 1% das exportações de carne bovina brasileira — mas com as alegações de qualidade feitas pelo Carrefour. “A carne brasileira é uma das melhores do mundo, e nossa inspeção sanitária é extremamente rigorosa. Não podemos aceitar que um CEO questione a qualidade do nosso produto”, afirmou Fagundes, que também liderou a nota de repúdio à rede de supermercados.
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O presidente da CAE, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), abriu a reunião destacando que a “infeliz declaração” já está causando repercussões no Brasil, com vários fornecedores interrompendo o fornecimento de carne para as lojas do Carrefour. “Essa atitude trouxe apenas prejuízos para todos”, disse o presidente da CAE.
O senador Otto Alencar (PSD-BA) considerou a postura do Carrefour discriminatória, reforçando a importância de respeitar a qualidade do produto brasileiro, amplamente reconhecido internacionalmente. “O Brasil é um grande produtor agropecuário, e a reação dos frigoríficos, que suspenderam o fornecimento de carne para o Carrefour, foi justa”, declarou Alencar.
Já o senador Omar Aziz (PSD-AM) afirmou que o ataque ao setor agropecuário brasileiro visa desrespeitar a autonomia do país em produzir, argumentando que o Carrefour precisa mais do Brasil do que o contrário. “Se quiserem carne da França, que tragam e vendam a um preço competitivo”, disse Aziz.
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Por fim, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) qualificou o episódio como um “ataque da diplomacia francesa” ao Mercosul e ao acordo com a União Europeia. O senador Efraim Filho (União-PB) também ressaltou que o Carrefour se retratou ao pedir desculpas após a manifestação da CAE.