Portal Soberano
O prefeito de Manaus, David Almeida, declarou luto oficial de três dias pela morte do cantor amazonense Zezinho Corrêa, ocorrida na manhã deste sábado, 6/2. O decreto de luto, uma homenagem e reconhecimento à expressiva e incansável difusão do artista à cultura amazonense, foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Município (DOM) na noite de hoje.
Continua depois da Publicidade
Zezinho Corrêa morreu aos 69 anos em decorrência do agravamento da Covid-19. O corpo do cantor foi velado no balneário do Sesc, zona Oeste, em cerimônia restrita a amigos e familiares. Zezinho foi sepultado no cemitério São João Batista, zona Centro-Sul, no final da tarde.
Durante o período referido no decreto, a bandeira nacional e demais pavilhões ficarão hasteados a meio mastro na sede dos órgãos e entidades componentes da administração pública municipal.
Homenagens
Continua depois da Publicidade
Durante todo o sábado, familiares, amigos e fãs, brasileiros e estrangeiros, prestaram homenagens nas redes sociais a Zezinho Corrêa, ícone da música amazonense. O presidente do Conselho Municipal de Cultura (Concultura), o escritor e poeta Tenório Telles, dedicou uma poesia ao amigo intitulada “O tic-tic-tac das araras” em alusão ao hit “Tic Tic Tac”, eternizada e consagrada na voz do cantor à frente do grupo Carrapicho.
O tic-tic-tac das araras
Continua depois da Publicidade
Tenório Telles
Querido Zezinho,
Hoje de manhã acordei com a cantoria
de um casal de araras:
Ao abrir a janela – encenavam
seu canto desajeitado e belo.
Estavam num açaizeiro
comendo os frutos: tic-tic-tac…
Notei que o dia aos poucos
ia se colorindo de azul, vermelho e amarelo.
Achei tudo surpreendente:
Elas nunca tinham aparecido antes.
Logo depois soube que partiste.
Como acredito no invisível
e no mistério das coisas,
pensei que as araras estavam
cantando e colorindo a manhã
para te celebrar – como antigamente
se celebravam os artistas, os poetas e os heróis.
Também pensei que aquelas araras podiam
estar levando teu Ser
[esse grão de eternidade
com que nascemos]
para o paraíso dos bons
dos que encantam a vida
e a ajudam a ser melhor.
Com teu canto, Zé, levaste
pra tantos lugares
pra terras distantes
o nosso chão e a nossa gente.
E agora – Zé – as araras se foram:
Só vieram te saudar…
Com o choro preso na garganta,
não consigo entender por que
essas coisas acontecem.
Nossa cidade vive enlutada
com tantas partidas,
com a dor de pais, mães, filhos
– tantas amizades e amores quebrados…
: Manaus se tornou uma cidade sitiada pela dor,
os cemitérios não param de crescer…
E agora – Zé – essa nuvem de suplício
te levou também de nós:
mais que a dor da perda,
daqui pra frente – a dor maior
será viver sem o teu canto,
sem a tua alegria
e sem a bondade dos teus gestos.
Zé,
que as araras te acompanhem
e chegues bem ao lugar onde
os bons descansam da lida do mundo
– e o grão do teu ser
floresça belo e luminoso
e de lá sigas cantando
e encantando nossas vidas.
*Com informações da assessoria